
Dirce Waltrick do Amarante
22 de dez. de 2024
Temos arte no Brasil, fazemos cinema, temos grandes atores e muita história para contar.
(Dirce Waltrick do Amarante é autora de Cenas do Teatro Moderno e Contemporâneo, Metáforas da tradução, entre outros)
Ainda estou aqui, dirigido por Walter Salles e baseado no romance homônimo de Marcelo Rubens Paiva, conta a história da família Paiva, a qual retrata o lado mais terrível dos anos de ditadura militar: o de torturas e desparecimentos. Parece estranho, mas a jovem geração acabou conhecendo essa página terrível da nossa história graças ao filme, que tem impactado os espectadores de todas as gerações.
Eunice Paiva, a protagonista do filme, era mulher de Rubens Paiva, engenheiro de formação e que foi deputado federal eleito em 1962 pelo Partido Trabalhista Brasileiro, mas teve seu mandato cassado depois do Golpe Militar em 1964, e acabou sendo assassinado (história contada no filme).
Eunice seguiu sozinha a sua luta pela verdade e pelo atestado de óbito do marido. Com a morte de Rubens Paiva, ela estudou Direito (mas já era formada em Letras) na capital paulista e defendeu as causas indígenas.
Ainda estou aqui tem levado essa história , que é a de países que trocam democracias por regimes autoritários, para o mundo e conquistado prêmios: melhor roteiro no Festival de Veneza de 2024, e o Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz em Filme de Drama para Fernanda Torres.
Hoje foi indicado ao Oscar em três categorias: Melhor Atriz, Melhor Filme e Melhor Filme Internacional! Faz história novamente ao contar a nossa história.
Fernanda Montenegro, a meu ver, também mereceria o Globo de Ouro e a indicação Oscar – na categoria de Atriz Coadjuvante – , pela sua interpretação Eunice Paiva já com Alzheimer e em idade avançada. Sem proferir uma frase, ela comove e impacta.
Temos arte no Brasil, fazemos cinema, temos grandes atores e muita história para contar.
*Imagem: reprodução do filme "Ainda estou aqui".