Adriano Espíndola Santos
2 de abr. de 2023
A leitura de mundo, ampla e complexa, é um exercício inato e instintivo do ser humano, como medida, inclusive, de sobrevivência – contando com os ganhos sociais e intelectuais advindos disso; algo que compõe a nossa essência.
Perceber-se parte do todo nos torna seres empáticos, atentos às necessidades do próximo, reforçando o sentido da alteridade: eu sou porque nós somos, como bem inspira a filosofia africana Ubuntu.
Assim, a leitura de mundo precede e se agrega ao ato de ler a palavra, propriamente, que é o processo de decodificação de signos, reconhecimento e interpretação de escritos, por meio do qual ocorre a formação integral do indivíduo – estimulando mecanismos mentais, para ativação da memória e da razão –, pois que atrelado estará à realidade. Portanto, a leitura fomenta a imaginação, a percepção, o engajamento social, a cultura, e as experiências únicas que serão vivenciadas pelo leitor. Ultrapassa-se, naturalmente, o campo das expectações para lograr a verdade e o conhecimento, pela leitura.
Há três importantes estratégias de leitura que constituem o processo de cognição, quais sejam, ascendente (bottom up), descendente (top down) e integradora. Na ascendente – visão estruturalista –, para o leitor, o texto ou a palavra é algo novo, desconhecido, e, por essa razão, ele precisará usar essa estratégia por toda a vida, pois sempre se deparará com o novo; e a ascensão tem a ver com as etapas, de menores para maiores signos: captação da letra, seguindo pelas sílabas, palavras, frases e orações – ênfase na habilidade de decifrar os códigos/signos. Na descendente, comungam-se o conhecimento já adquirido pelo leitor – apreensão do contexto – e a interpretação; ou seja, a essência está no conteúdo “já aprendido”, incorporado, e não exatamente no texto – destaque à compreensão global. Já a integradora, como o nome sugere, integra as outras estratégias, potencializando o exercício da leitura. É dizer que há a aproximação entre leitor e o texto, com as leituras interna e externa do texto, buscando as memórias de outras leituras do leitor; ainda, que ler é um processo contínuo de compreender e desvendar hipóteses – destaque ao leitor, sujeito ativo no texto.
De tal modo, aprender e ler efetivamente são aptidões para o viver em sua plenitude, com dignidade, que garantem ao leitor o juízo de valor, a compreensão e o vínculo com a realidade, com o social. Ler é estar em comunhão com a vida.
Referências
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