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Ensaio: Saussure, a linguística e a modernidade

Adriano Espíndola Santos

15 de nov. de 2022

Ferdinand de Saussure, o grande nome da linguística moderna, abriu fronteiras para o estudo da língua como ciência, com o Estruturalismo, sendo o pioneiro. Percebe-se que o mestre tinha como essência a língua, para compatibilizar interesses relativos à estrutura e às normas que operam nessa seara – o que se diferencia da abordagem do comparativismo histórico.

Ferdinand de Saussure, o grande nome da linguística moderna, abriu fronteiras para o estudo da língua como ciência, com o Estruturalismo, sendo o pioneiro. Percebe-se que o mestre tinha como essência a língua, para compatibilizar interesses relativos à estrutura e às normas que operam nessa seara – o que se diferencia da abordagem do comparativismo histórico.


Note-se que o Estruturalismo abrange o conceito da estrutura geral, que engloba os idiomas – a língua é compreendida pela linguagem. A linguística de Saussure comporta as expressões da língua; considerando-se que isso ensejou fundamento para as dicotomias formuladas: fala e língua, significante e significado, sintagma e paradigma, e diacronia e sincronia.


Segundo Silva (2011, p. 39), Saussure considera que a “fala é assistemática, heterogênea e concreta; já a língua é sistemática homogênea, abstrata e, portanto, passível de análise interna”. Concebe-se que a língua é o objeto de estudo da linguística, numa ótica social, e a fala tem aspecto individual.


Quanto ao sintagma e o paradigma, considere-se que a linguagem tem duas funções: a combinação, relativa ao sintagma; e a seleção, referente ao paradigma. Sintagma é a combinação da língua, materializada pela fala; e o paradigma seleciona a língua a partir da memória do emissor. Sobre a diacronia e a sincronia, Saussure supera o comparativismo histórico, para saber da estruturação; por isso se diz que o estudo da língua pode ser síncrono (atual) ou diacrônico (seguindo a linha do tempo). Já em significante e significado, Saussure elabora o signo (sentido da palavra), com duas características, a arbitrariedade (significantes distintos para um significado) e a linearidade (elementos sequenciados e sintagmáticos); onde o significante é o som e o significado é o conceito.


Há, de fato, um amplo aproveitamento para o estudo da sintaxe, notadamente quanto se fala de sintagma, que é, na linguística, um agrupamento de palavras que se relacionam a um núcleo e que se tornam base para a formação da frase, da oração ou do período. Precisa-se da diacronia e da sincronia para entender as classes das palavras; morfemas, como o radical e as suas ligações. A concepção da sintaxe, que opera às regras atinentes à estruturação das frases, não seria possível sem o estudo da língua e da linguística.


A Sintaxe Estrutural se firma na ideia de que a língua é composta por regras e estruturas, congregando sintagmas, que integram a organização e a hierarquia, de modo que não se envolve propriamente com o âmbito social, uma atribuição do formalismo. O sintagma conecta-se com a Sintaxe e o paradigma com a Morfologia; as dicotomias se constituíram para a ubiquidade semântica, morfológica e sintática.

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*Adriano Espíndola Santos é natural de Fortaleza, Ceará. Em 2018 lançou seu primeiro romance “Flor no caos”, pela Desconcertos Editora; em 2020 os livros de contos, “Contículos de dores refratárias” e “o ano em que tudo começou”; em 2021 o romance “Em mim, a clausura e o motim”, pela Editora Penalux; e em 2022 a coletânea de contos “Não há de quê”, pela Editora Folheando. Colabora mensalmente com as Revistas Mirada, Samizdat e Vício Velho. Tem textos publicados em revistas literárias nacionais e internacionais. É advogado civilista-humanista, desejoso de conseguir evoluir – sempre. Mestre em Direito. Especialista em Escrita Literária e em Revisão de Textos. Membro do Coletivo de Escritoras e Escritores Delirantes. É dor e amor; e o que puder ser para se sentir vivo: o coração inquieto. instagram.com/adrianobespindolasantos/ | facebook.com/adrianobespindolasantos | adrianobespindolasantos@gmail.com.

 

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Referências

 

Classe de palavras. Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/classes-palavras.htm>. Acesso em: 23 ago. 2022.

 

NICOLAU, Eunice M. D. Sintaxe. Disponível em: < https://www.ceale.fae.ufmg.br/glossarioceale/verbetes/sintaxe>. Acesso em: 22 ago. 2022.

 

PEREIRA, Bruno Gomes; SILVA, Jennifer Silva e. Saussure e suas dicotomias: da concepção de língua à abertura para novas perspectivas de análise contemporâneas. Cadernos do CNLF, vol. XX, nº 13 – A Herança de Ferdinand de Saussure, 2016 – p. 11-21.

 

PORFÍRIO, Francisco. Estruturalismo. Disponível em:< https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/estruturalismo.htm>. Acesso em: 20 ago. 2022.

 

SILVA, Fernando Moreno da. As dicotomias saussureanas e suas implicações sobre os estudos linguísticos. REVELLI – Revista de Educação, Linguagem e Literatura da UEG-Inhumas, ISSN 1984-6576–v. 3, n.2 – outubro de 2011 – p. 38-55.

 

SOARES, Marcelo Avelino. Ferdinand de Saussure e o Estruturalismo Linguístico: saída ou recaída no labirinto da indiferença pela diferença? REVELLI – Revista de Educação, Linguagem e Literatura da UEG-Inhumas. ISSN 1984-6576–v.4, n.1– março de 2012 – p. 27-47.

 

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