top of page

PEQUENA BYBLIOTEKA DO LUNALANY

Olyveira Daemon

11 de dez. de 2022

O escritor Alan Moore costuma dizer, em suas entrevistas, que artistas & escritores são feiticeiros, bruxos, magos, xamãs...
Que arte & literatura também são magia.
Que filmes, fotos, pinturas, esculturas, instalações, músicas, coreografias, poemas, contos & romances são fórmulas simbólicas capazes de transformar, de maneira viciosa ou virtuosa, a mente das pessoas e os alicerces da realidade.

O escritor Alan Moore costuma dizer, em suas entrevistas, que artistas & escritores são feiticeiros, bruxos, magos, xamãs...

Que arte & literatura também são magia.

Que filmes, fotos, pinturas, esculturas, instalações, músicas, coreografias, poemas, contos & romances são fórmulas simbólicas capazes de transformar, de maneira viciosa ou virtuosa, a mente das pessoas e os alicerces da realidade.

 

“Existe alguma confusão sobre o que a magia realmente é. Acho que isso pode ser esclarecido se você observar as descrições mais antigas de magia. A magia em sua forma mais primitiva era frequentemente mencionada como a arte. Eu acredito que isso é totalmente literal. Acredito que magia é arte, e que arte, seja a literatura, a música, a escultura ou qualquer outra forma, é literalmente magia. A arte é, como a magia, a ciência de manipular símbolos, palavras ou imagens, para conseguir alterações na consciência. A autêntica linguagem da magia parece falar tanto da literatura ou da arte quanto dos eventos sobrenaturais. Um grimório, por exemplo, um livro de feitiços, é simplesmente uma maneira elegante de se dizer gramática. Na verdade, lançar um feitiço (to cast a spell) é simplesmente soletrar (to spell) algo, manipular palavras para alterar a consciência das pessoas. E eu acredito que um artista ou escritor é a coisa mais próxima, no mundo contemporâneo, que você provavelmente terá de um xamã.”

A paisagem mental de Alan Moore > documentário

Dez Vylenz > diretor

 

+   +   +

 

Neste início de século vinte e um, movimentos artísticos & literários saíram de moda? Artistas, músicos, cineastas & escritores não se reúnem mais para propor novas tendências? Novas rebeliões? Algazarras coletivamente orientadas?

Um século atrás, enquanto a Primeira Guerra Mundial incendiava a Europa, uma galera irada começou a se reunir no Cabaré Voltaire, em Zurique. > Risos, gritos, olhares, cheiros, sabores. > O propósito era um só: bagunçar o bom-gosto afetado e a vida xexelenta. A vida domesticada, dita civilizada.

Hugo Ball + Emmy Hennings + Tristan Tzara + Richard Huelsenbeck + outros feiticeiros baderneiros que foram se juntando ao grupo inicial devoraram o futurismo e vomitaram o dadaísmo, a guerrilha artística & literária mais importante do século vinte.

Cabaré Voltaire > usina de fissão psíquica.

Dadá > liberdade: de regras, valores & louvores comerciais.

Antiarte > a rejeição radical da arte favorecendo radicalmente a arte.

Impressionismo > fauvismo > cubismo > futurismo > expressionismo > dadaísmo > modernismo brasuca > surrealismo > construtivismo > antropofagia > expressionismo abstrato > concretismo > op art > pop art > tropicalismo > realismo mágico > enfim, todos os grandes movimentos artísticos & literários foram ações planejadas em reuniões regulares, olho no olho, dente por dente, nos muitos Cabarés Voltaires deste planetinha fascinante. Ações planejadas em Zurique > Paris > Londres > Nova York > São Paulo…

O que eu desejo frisar nesses exercícios coletivos de musculação arte-antiarte, nessas lutas coletivas contra a banalidade dos costumes e da opinião pública, nessas críticas coletivas à infalibilidade da razão pragmática, nesses irreverentes ciclones coletivos que agitaram a atmosfera do século vinte é justamente o aspecto coletivo dessas ações.

O zeitgeist ocidental gestava e partejava esses demoníacos ciclones coletivos o tempo todo. Contra o pensamento domesticado. Em turbilhão, manifestos + bebedeiras + revistas + troca de cartas + telefonemas + polêmicas nas páginas dos jornais giravam em vários idiomas.

Então tudo cessou. A usina de insatisfação foi silenciada e os ciclones se dissolveram. Os últimos selvagens foram domesticados. Foram convertidos à religião dominante.

Uma força invisível no atual zeitgeist ocidental impede a fecundação de novos violentos movimentos centrípetos. Uma força conformista.

Não há mais Cabarés Voltaires.

Neste início de século vinte e um, movimentos artísticos & literários saíram de moda. Artistas, músicos, cineastas & escritores não se reúnem mais para propor novas tendências.

Novas rebeliões. Algazarras coletivamente orientadas.

Novas desintegrações.

Integrar-se à manada é a única tendência total atual? Fazer bonito nas pesquisas de satisfação é o sonho de consumo de cem por cento dos criativos solitários?

Está lançado o bunda-molismo individualista?

De maneira alguma. Ao menos no campo literário, se os escritores brasucas não se reúnem mais para propor novas tendências coletivas, vocês & eu ainda podemos ir atrás das novas tendências coletivas − coletivas, porém virtuais & individuais − disseminadas na ação solitária de vários escritores brasucas afastados no tempo e no espaço. Isso se chama reconhecimento de padrões.

Feiticeiros > bruxos > magos > xamãs solitários…

Pajelanças individuais…

No vasto nevoeiro da literatura brasileira recente, com dezenas de centenas de títulos sendo lançados todos os anos, um romance se destaca. Uma estrela que brilha & gira de modo excêntrico: o romance Santa Clara Poltergeist, de Fausto Fawcett, lançado em 1991.

Narrativa não-realista + linguagem caudalosa-barroca + profusão de neologismos + personagens não-domesticados + enredo aloprado-escatológico-labiríntico-irreverente sci-fi + tempo-espaço fantástico > são essas características reunidas que fazem de Santa Clara Poltergeist o centro de uma constelação revolucionária. O ponto de partida de uma nova tendência coletiva não-gregária, silenciosa, disseminada na ação individual & individualista de vários escritores brasucas que jamais tomaram um porre juntos, que jamais conspiraram − olho no olho, dente por dente − num Cabaré Voltaire tropical.

À direita e abaixo de Santa Clara Poltergeist está outra estrela que brilha & gira de modo excêntrico: a coletânea de ficções-ensaios Galáxias, de Haroldo de Campos, escritas entre os anos de 1963 e 1976, mas sendo integralmente publicadas apenas em 1984.

Narrativas não-realistas > linguagem caudalosa-barroca > profusão de idiomas & neologismos > fluxo selvagem de uma consciência não-domesticada > ausência de parágrafos, pontuação & maiúsculas > enredo aloprado-labiríntico > tempo-espaço fantástico > são essas características reunidas que fazem de Galáxias uma estrela-irmã na mesma constelação de Santa Clara Poltergeist. Estrelas irmanadas no delírio do corpo (Fausto) e da mente (Haroldo) em convulsão.

Fausto & Haroldo não conversavam. Jamais tomaram um porre juntos, jamais conspiraram − olho no olho, dente por dente − num Cabaré Voltaire tropical.

À esquerda e abaixo de Santa Clara Poltergeist está outra estrela que brilha & gira de modo excêntrico: o romance Catatau, de Paulo Leminski, lançado em 1975.

Narrativa não-realista > linguagem caudalosa-barroca > profusão de trocadilhos & neologismos > fluxo selvagem de uma consciência não-domesticada > ausência de parágrafos > tempo-espaço caleidoscópico > são essas características reunidas que fazem de Catatau outra estrela-irmã na mesma constelação de Santa Clara Poltergeist. Estrelas irmanadas no delírio do corpo (Fausto) e da mente (Leminski) em convulsão.

Fausto & Leminski não conversavam. Jamais tomaram um porre juntos, jamais conspiraram − olho no olho, dente por dente − num Cabaré Voltaire tropical. Mas Leminski & Haroldo chegaram a trocar umas palavrinhas mais ou menos protocolares.

Acima de Santa Clara Poltergeist está outra estrela que brilha & gira de modo excêntrico: o romance Macunaíma, de Mario de Andrade, lançado em 1928.

Narrativa não-realista > personagens não-domesticados > enredo aloprado-labiríntico-irreverente > diálogo paródico com a cultura popular e o folclore brasileiro > tempo-espaço fantástico > primeiro exemplo do realismo mágico latino-americano > são essas características reunidas que fazem de Macunaíma uma estrela-irmã na mesma constelação de Santa Clara Poltergeist. Estrelas irmanadas no delírio do corpo em convulsão (Fausto & Mário).

Fausto & Mário obviamente não conversavam. Obviamente jamais tomaram um porre juntos, jamais conspiraram − olho no olho, dente por dente − num Cabaré Voltaire tropical.

Para o olhar simétrico, Galáxias & Catatau & Macunaíma definem os vértices-vórtices de um triângulo equilátero tendo no centro Santa Clara Poltergeist.

Mas nossa constelação de estrelas solitárias não precisa ser exclusivamente simétrica. Ela não precisa ter sempre um centro. Para o olhar assimétrico essa constelação-solitude terá vários centros.

Mais estrelas fazem parte de seu desenho invisível.

À direita e acima de Santa Clara Poltergeist está Festa na usina nuclear, coletânea de contos de Rafael Sperling, de 2011.

Narrativas não-realistas > linguagem ora caudalosa-barroca ora econômica fragmentária > uso recorrente da anáfora e do nonsense > personagens não-domesticados > enredos aloprados-escatológicos-labirínticos-irreverentes > tempo-espaço fantástico > são essas características reunidas que fazem de Festa na usina nuclear uma estrela-irmã nessa mesma constelação excêntrica-subversiva.

À esquerda e acima de Santa Clara Poltergeist está A cachoeira das eras, romance de Carlos Emílio Corrêa Lima, de 1979.

Narrativa não-realista > linguagem caudalosa-barroca > personagens não-domesticados > enredo aloprado-esotérico-labiríntico-metafísico > diálogo paródico com as antigas tradições sobrenaturais amazonenses & orientais > tempo-espaço fantástico > são essas características reunidas que fazem de A cachoeira das eras uma estrela-irmã nessa mesma constelação excêntrica-subversiva.

À direita de Santa Clara Poltergeist está Piritas siderais, romance de Guilherme Kujawski, de 1994.

Narrativa realista-futurista > linguagem barroca > profusão de trocadilhos & neologismos > enredo aloprado-irreverente sci-fi > diálogo paródico com as antigas tradições sobrenaturais africanas > as hipergazetas > tempo-espaço fantástico > são essas características reunidas que fazem de Piritas siderais uma estrela-irmã nessa mesma constelação excêntrica-subversiva.

À esquerda de Santa Clara Poltergeist está Mnemomáquina, novela de Ronaldo Bressane, de 2014.

Narrativa não-realista > linguagem caudalosa-barroca > momentos de portunhol selvagem > profusão de neologismos > personagens não-domesticados > enredo aloprado-escatológico-labiríntico-irreverente sci-fi > tempo-espaço fantástico > são essas características reunidas que fazem de Mnemomáquina uma estrela-irmã nessa mesma constelação excêntrica-subversiva.

Abaixo de Santa Clara Poltergeist está Adaptação do funcionário Ruam, romance de Mauro Chaves, de 1975.

Narrativa não-realista > profusão de neologismos & palavras-montagem > personagens não-domesticados > enredo aloprado-escatológico-labiríntico-irreverente sci-fi > tempo-espaço fantástico > são essas características reunidas que fazem de Adaptação do funcionário Ruam uma estrela-irmã nessa mesma constelação excêntrica-subversiva.

[ Agora percebo que talvez eu esteja transmitindo uma ideia errada da verdadeira configuração desse conjunto de obras. Se vocês ficaram com a impressão de que no arranjo geométrico-astronômico das nove estrelas foi respeitada qualquer hierarquia de valor literário, pedirei que desfaçam sem pestanejar essa equivocada impressão. Na bolsa de valores da sensibilidade, há estrelas esteticamente menos e mais valiosas, eu concordo. Mas esse jogo de valores não foi levado em conta quando o padrão dessa constelação revolucionária foi ficando mais e mais nítido. O que mantém essas obras presas num forte abraço gravitacional, apesar do espaço-tempo que as separa, é sua dinâmica excêntrica-subversiva. Desse modo, se vocês preferirem dispor as estrelas de outra maneira, fiquem à vontade. ]

A partir dessa mínima amostra de obras divergentes do senso comum da literatura brasileira, vocês já perceberam, queridos leitores, que as narrativas em prosa ou verso que brilham intensamente na pequena byblioteka do LunaLaby [Laboratöryo de Lyteratura Lunätyka] apresentam mais de uma das seguintes características:

− Narrativa não-realista ou realista-futurista ou realista-abstrata ou realismo psicológico-abstrato ou realismo relativista-cubista ou realismo-bricolagem

− Linguagem caudalosa-barroca ou hiper-subjetiva ou multifacetada ou dadaísta ou cubista ou concretista ou monocórdia-protocolar ou tudo isso misturado, ou seja, linguagem eclética, configurando um fluxo endiabrado de uma consciência não-domesticada.

− Ausência de parágrafos, pontuação & maiúsculas ou paródia de português arcaico ou portunhol selvagem ou profusão de trocadilhos e neologismos e palavras-montagem e palíndromos ou uso recorrente da anáfora e do nonsense ou uso recorrente do enjambement ou narrador dramatúrgico ou narrador-montador ou tudo isso misturado configurando um fluxo endiabrado de uma consciência não-domesticada.

− Personagens igualmente não-domesticados ou personagens autoconscientes (que sabem que são apenas personagens num texto literário).

− Enredo espiralado ou fragmentado ou aloprado.

− Tempo-espaço fantástico ou caleidoscópico ou deformado ou labiríntico.

 

+   +   +

 

Dialogando com as nove estrelas-irmãs indicadas acima, outras vinte e quatro se distribuem ao seu redor. Mas estão sempre em movimento, às vezes atravessando o coração da constelação, às vezes se distanciando do grupo central.

Nunca ficam paradas.

Para poder mencioná-las, precisarei tirar uma foto. Terei que congelar o movimento num provisório retrato em 3D.

[ Cabaré Voltaire: reconhecimento de padrões. ]

[ Arte, a-arte & antiarte. ]

Acima de Festa na usina nuclear podemos ver Amor, romance de André Sant’Anna, de 1998, e O natimorto, romance de Lourenço Mutarelli, de 2004.

Amor > narrativa não-realista > linguagem caudalosa-barroca > fluxo selvagem de uma consciência não-domesticada > uso constante da anáfora > enredo aloprado-escatológico-labiríntico-irreverente > tempo-espaço fantástico.

O natimorto > realismo psicológico-abstrato > narrador ora subjetivo ora dramatúrgico > uso recorrente do enjambement > enredo aloprado-irreverente > tempo-espaço labiríntico.

À direita de Festa na usina nuclear podemos ver Zero, romance de Ignácio de Loyola Brandão, de 1974, e Serafim Ponte Grande, romance de Oswald de Andrade, de 1933.

Zero > realismo relativista-cubista > linguagem & personagens multifacetados > enredo fragmentado > tempo-espaço labiríntico.

Serafim Ponte Grande > realismo relativista-cubista > linguagem & personagens multifacetados > enredo fragmentado > tempo-espaço labiríntico.

À direita de Piritas siderais podemos ver O mez da grippe, novela de Valêncio Xavier, de 1981, e O mamaluco voador, romance de Luiz Roberto Guedes, de 2005.

O mez da grippe > realismo-bricolagem > narrador-montador > enredo fragmentado.

O mamaluco voador > narrativa não-realista > paródia de português tropical arcaico > história alternativa.

À direita de Galáxias podemos ver Mar paraguayo, novela de Wilson Bueno, de 1992, e El astronauta paraguayo, poema narrativo de Douglas Diegues, de 2007.

Mar paraguayo > realismo psicológico-abstrato > linguagem caudalosa-barroca > portunhol selvagem > fluxo endiabrado de uma consciência não-domesticada > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

El astronauta paraguayo > realismo psicológico-abstrato > linguagem caudalosa-barroca > portunhol selvagem > fluxo endiabrado de uma consciência não-domesticada > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

Abaixo de Galáxias podemos ver Necrológio, coletânea de contos de Victor Giudice, de 1972, e mônica vai jantar, romance de Davi Boaventura, de 2019.

Necrológio > narrativas não-realistas > linguagem ora dadaísta ora cubista > uso recorrente do insólito e do nonsense > personagens não-domesticados > enredos aloprados-labirínticos-irreverentes > tempo-espaço fantástico.

mônica vai jantar > realismo psicológico-abstrato > linguagem & personagens hiper-subjetivos > ausência de parágrafos, pontuação & maiúsculas > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

Abaixo de Adaptação do funcionário Ruam podemos ver Grande sertão: veredas, romance de Guimarães Rosa, de 1956, e Papéis de Maria Dias, romance de Luci Collin, de 2016.

Grande sertão: veredas > realismo psicológico-abstrato > linguagem & personagens hiper-subjetivos > profunda invenção idiomática > investigação ontológica > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

Papéis de Maria Dias > realismo relativista-cubista > linguagem & personagens multifacetados > enredo fragmentado > tempo-espaço labiríntico.

Abaixo de Catatau podemos ver PanAmérica, romance de José Agrippino de Paula, de 1967, e o Jornal Dobrabil, miscelânea de Glauco Mattoso, de 2001.

PanAmérica > narrativa não-realista > linguagem monocórdia-descritiva > fluxo supermetódico de uma consciência não-domesticada > uso constante da anáfora > personagens não-domesticados > enredo aloprado-erótico-labiríntico-irreverente > tempo-espaço fantástico.

Jornal Dobrabil > linguagem eclética > profusão de trocadilhos e neologismos e palavras-montagem > fluxo endiabrado de uma consciência não-domesticada.

À esquerda de Catatau podemos ver Outra inquisição, romance de Uilcon Pereira, de 1982, e O rosto da memória, coletânea de ficções de Decio Pignatari, de 1986.

Outra inquisição > narrativa não-realista > narrador dramatúrgico > uso recorrente do insólito e do nonsense > personagens não-domesticados > enredo aloprado-irreverente > tempo-espaço labiríntico.

O rosto da memória > narrativas realistas-abstratas ou não-realistas > linguagem ora cubista ora concretista > profusão de trocadilhos & neologismos > uso recorrente do insólito e do nonsense > personagens não-domesticados > enredos aloprados > tempo-espaço labiríntico.

À esquerda de Mnemomáquina podemos ver Os anões, coletânea de ficções de Veronica Stigger, de 2010, e Até que a brisa da manhã necrose teu sistema, romance de Ricardo Celestino, de 2021.

Os anões > narrativas realistas-abstratas ou não-realistas > linguagem eclética > narrador ora protocolar ora dramatúrgico ora metonímico > uso recorrente do insólito e do nonsense > personagens não-domesticados > enredos aloprados > tempo-espaço deformado.

Até que a brisa da manhã necrose teu sistema > narrativa realista-futurista > linguagem barroca > uso recorrente do enjambement > personagens não-domesticados > enredo aloprado-escatológico-labiríntico > tempo-espaço fantástico.

À esquerda de A cachoeira das eras podemos ver Cinevertigem, romance de Ricardo Soares, de 2005, e A obscena senhora D, romance de Hilda Hilst, de 1982.

Cinevertigem > narrativa não-realista > linguagem caudalosa-barroca > fluxo selvagem de uma consciência não-domesticada > uso constante da anáfora > enredo aloprado-labiríntico-irreverente > tempo-espaço caleidoscópico.

A obscena senhora D > realismo psicológico-abstrato > linguagem & personagens hiper-subjetivos > investigação esotérica-escatológica > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

Acima de A cachoeira das eras podemos ver A puta, romance de Márcia Barbieri, de 2016, e Um minuto, romance de Newton Cesar, de 2010.

A puta > realismo psicológico-abstrato > linguagem caudalosa-barroca > fluxo selvagem de uma consciência não-domesticada > ausência de parágrafos > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico

Um minuto > narrativa não-realista > leitura do final para o início > enredo aloprado-irreverente sci-fi > tempo-espaço fantástico.

Acima de Macunaíma podemos ver Água viva, romance de Clarice Lispector, de 1973, e O peso do pássaro morto, romance de Aline Bei, de 2017.

Água viva > realismo psicológico-abstrato > linguagem & personagens hiper-subjetivos > investigação ontológica > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

O peso do pássaro morto > realismo psicológico-abstrato > uso recorrente do enjambement > personagens não-domesticados > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

 

+   +   +

 

A constelação revolucionária que ocupa as estantes da pequena byblioteka do LunaLaby é composta de muitas outras estrelas-irmãs que, dispersas no obtuso tempo-espaço diacrônico mercantilista, raramente são reconhecidas como estrelas-irmãs de uma potente família espiralada.

[ Reconhecimento de padrões: Cabaré Voltaire. ]

[ Arte, a-arte & antiarte. ]

− São narrativas não-realistas ou realistas-futuristas ou realistas-abstratas ou realismo psicológico-abstrato ou realismo relativista-cubista ou realismo-bricolagem.

− Linguagem caudalosa-barroca ou hiper-subjetiva ou multifacetada ou dadaísta ou cubista ou concretista ou monocórdia-protocolar ou tudo isso misturado, ou seja, linguagem eclética, configurando um fluxo endiabrado de uma consciência não-domesticada.

− Ausência de parágrafos, pontuação & maiúsculas ou paródia de português arcaico ou portunhol selvagem ou profusão de trocadilhos e neologismos e palavras-montagem e palíndromos ou uso recorrente da anáfora e do nonsense ou uso recorrente do enjambement ou narrador dramatúrgico ou narrador-montador ou tudo isso misturado configurando um fluxo endiabrado de uma consciência não-domesticada.

− Personagens não-domesticados ou personagens autoconscientes (que sabem que são apenas personagens num texto literário).

− Enredos espiralados ou fragmentados ou aloprados.

− Tempo-espaço fantástico ou caleidoscópico ou deformado ou labiríntico.

Em ordem alfabética:

(Gx2) Realidade total, novela de Maria Alzira Brum, de 2018.

A boca do muro, romance de Bruno Honorato, de 2020.

A festa, romance de Ivan Ângelo, de 1976.

A implosão do confessionário, romance de Uilcon Pereira, de 1984.

A múmia do rosto dourado do Rio de Janeiro, romance de Fernando Monteiro, de 2001.

A Nova Holanda, ficção de Sérgio Rubens Sossélla, de 1989.

Adorável criatura Frankenstein, romance de Ademir Assunção, de 2003.

Ainda orangotangos, coletânea de contos de Paulo Scott, de 2007.

Amália atrás de Amália, romance de Marco Aqueiva, de 2019.

Amorquia, romance de André Carneiro, de 1991.

Atlas Almanak, miscelânea coletiva, de 1988.

Avalovara, romance de Osman Lins, de 1973.

Como (eu) se fiz por si mesmo, memórias de Jamil Snege, de 1994.

Contos negreiros, coletânea de contos de Marcelino Freire, de 2005.

Decálogo da classe média, coletânea de ficções de Sebastião Nunes, de 1998.

Dedo negro com unha, romance de Daniel Pellizzari, de 2005.

Dedos impermitidos, coletânea de ficções de Luci Collin, de 2021.

Desabrigo, novela de Antonio Fraga, de 1945.

Eles eram muitos cavalos, romance de Luiz Ruffato, de 2001.

Encarniçado, ficções de João Filho, de 2004.

Encrenca, romance de Manoel Carlos Karam, de 2002.

Grogotó, coletânea de minicontos de Evandro Affonso Ferreira, de 2000.

Hotel Hell, novela de Joca Reiners Terron, de 2003.

Livro dos começos, ficções-reflexões de Noemi Jaffe, 2016.

Lugar público, romance de José Agrippino de Paula, de 1965.

Malangue Malanga, novela de Wilson Alves-Bezerra, de 2019.

Matriuska, coletânea de contos de Sidney Rocha, de 2009.

Memórias póstumas de Brás Cubas, romance de Machado de Assis, de 1881.

Memórias sentimentais de João Miramar, romance de Oswald de Andrade, de 1924.

Meu tio Roseno, a cavalo, romance de Wilson Bueno, de 2000.

Minha mãe morrendo e O menino mentido, ficções de Valêncio Xavier, de 2001.

Mobiliário para uma fuga em março, romance de Marana Borges, 2021.

Na rua, a caminho do circo, coletânea de ficções de Assionara Souza, de 2015.

Nonadas, romance de Uilcon Pereira, de 1983.

Nossa Senhora D’Aqui, romance de Luci Collin, de 2015.

Nove novena, coletânea de contos de Osman Lins, de 1966.

O abduzido, romance de Jairo B. Pereira, de 1999.

O avesso dos dias, romance de Claudio Galperin, de 1999.

O guesa, poema narrativo de Joaquim de Sousândrade, de 1888.

O paraíso é bem bacana, romance de André Sant’Anna, de 2006.

O púcaro búlgaro, romance de Campos de Carvalho, de 1964.

o que devíamos ter feito, coletânea de contos de Whisner Fraga, de 2020.

O tal eros só: osso relato, coletânea de ficções de Paulo Ribeiro, de 2010.

O valete de espadas, romance de Gerardo Melo Mourão, de 1986.

Opisanie swiata, romance de Veronica Stigger, de 2013.

Panteros, romance de Decio Pignatari, de 1992.

Paranoia, delírios de Roberto Piva, de 1963.

Pequena coreografia do adeus, romance de Aline Bei, de 2021.

Pescoço ladeado por parafusos, coletânea de ficções de Manoel Carlos Karam, de 2001.

Piscina Livre, romance de André Carneiro, 1980.

Regurgitofagia, coletânea de ficções de Michel Melamed, de 2004.

Seu azul, romance de Gustavo Piqueira, de 2013.

Trilogia Stelo Binara, novelas de Artur Matuck, de 2014.

Triple frontera dreams, coletânea de ficções de Douglas Diegues, de 2017.

Um homem burro morreu, coletânea de contos de Rafael Sperling, de 2014.

Vagas notícias de Melinha Marchiotti, romance de João Silvério Trevisan, de 1984.

Viagem a Andara, coletânea de ficções de Vicente Cecim, de 1988.

Viva vaia, transgressões de Augusto de Campos, de 1979.

bottom of page