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50 ANOS DE POESIA

Por Claudio Daniel


Ewaldo Schleder Filho, curitibano que vive hoje em Florianópolis (SC), é um poeta singular, que transita entre o lirismo amoroso e a denúncia social, a melodia da balada e a aspereza rítmica, o coloquialismo urbano e a retórica visionária, construindo uma poética consistente e original, próxima a um certo minimalismo construtivista, em que não faltam imagens estranhas, de um insólito irônico. Quase a totalidade de seus escritos encontrava-se em jornais e revistas - nacionais e algumas internacionais, sem reunião em livro, Leite de pedra (Kotter editorial). Agora, como celebração de seus 50 anos de trabalho poético, o autor decidiu apresentar ao público uma coletânea com 50 de seus melhores poemas, como registro de sua jornada criativa até o momento. A poesia de Ewaldo Schleder Filho, produzida de modo anárquico e registrada em cadernos de anotações, revela uma curiosa coerência estético-formal: poemas escritos em diferentes épocas dialogam entre si, como se o poeta, ao longo de cinco décadas, estivesse escrevendo o livro que o leitor tem agora em mãos – uma precisa arquitetura piranesiana, construída, porém, sem um plano prévio. A espontaneidade, a leveza, o fluxo de imagens e sugestões do inconsciente moldaram muitos desses poemas, revisados, depois, com o olhar atento e rigoroso do poeta, que não se encaixa em nenhum rótulo ou gaveta de arquivo literário: poeta “marginal”? Neobarroco? Pós-concreto? Neobeat? Não é fácil, nem mesmo necessário, emoldurar a poesia de Ewaldo Schleder Filho num rótulo classificatório. É preciso lê-lo em sua intensidade, em seu vigor, em seu pleno meio-dia. Uma poesia que é uma caixinha de surpresas, um jogo de quebra-cabeças, um caleidoscópio que nos fascina a cada releitura. Porque a beleza, como sabia John Keats, is a joy forever.

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