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UMA FESTA DE POESIA

Foto do escritor: jornalbanquetejornalbanquete

Por Claudio Daniel


Este é um livro muito especial.


É uma antologia de poemas que celebram o centenário de fundação do Partido Comunista do Brasil, que aconteceu no dia 26 de março de 1922, por um pequeno grupo de comunistas reunidos na cidade de Niteroi, no Rio de Janeiro. O ano de 1922 é bastante simbólico, não apenas por ser o ano do Centenário da Independência do Brasil, mas também por ser o ano da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, e da publicação de livros capitais da vanguarda internacional, como o Ulisses, de James Joyce, A Terra Devastada, de T. S. Eliot, Trilce, de César Vallejo, Pauliceia Desvairada, de Mário de Andrade, para citarmos poucos nomes e obras. É um ano de grandes transformações no Brasil e no mundo: após o final da I Guerra Mundial, em 1918, o movimento operário obteve importantes conquistas, sob o impacto e a influência da Revolução Socialista de 1917, na Rússia. Os sindicatos realizam grandes greves, inclusive a de 1917, ocorrida na cidade de São Paulo, organizaram centrais sindicais e partidos revolucionários, reunidos na III Internacional, e se lançaram a “tomar o céu de assalto”, como nas tentativas de insurreição comunista na Hungria, na Alemanha e em outros países, inclusive a China, já na década de 1920. Ao mesmo tempo que os trabalhadores tomavam consciência política e os escritores e artistas se aventuraram em revoluções estéticas como o futurismo, o cubismo e o surrealismo, aconteciam as descobertas de Sigmund Freud na área da psicanálise e as mulheres foram à luta pelo direito de voto, cidadania plena e igualdade em relação aos homens, encontrando apoio nas teses defendidas pelas militantes comunistas Clara Zetkin e Alexandra Kollontai, primeira mulher a assumir um cargo de ministra, o que aconteceu na União Soviética, liderada por Lênin. 1922 é ainda o ano da expansão urbana e do avanço da industrialização em nosso país, com os lucros da lavoura do café investidos na indústria, e da revolta dos tenentes, entre eles Luís Carlos Prestes, líder da famosa Coluna Prestes, que contribuiu para a queda da República Velha, após a Revolução de 1930. 1922: o ano das grandes mudanças!


Cem anos depois, a história é outra.


Hoje, vivemos em um país marcado por um regime autoritário, de caráter semifascista, pela intolerância religiosa, racismo, machismo, homofobia e pela liquidação de direitos sociais e trabalhistas. No plano internacional, assistimos ao crescimento da extrema-direita em vários países do mundo, à guerra imperialista contra a Rússia travada em solo ucraniano, as ameaças norte-americanas contra a China e o risco de uma grave crise mundial. Nesse contexto, saudar o centenário do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) é saudar a esperança, a ousadia, a lucidez e a coragem revolucionária de um Partido que soube lutar na Guerrilha do Araguaia, que foi às ruas na campanha por Diretas-Já, nos atos contra o neoliberalismo de Fernando Collor de Mello e FHC e colaborou intensamente para o êxito dos governos democrático-populares de Lula e Dilma. Hoje, o Partido, somado a outras forças progressistas, cerra fileiras em torno da eleição de Lula para um novo mandato, para encerrarmos de vez o capítulo mais sombrio de nossa história.


2022, portanto, é um ano de esperança e de luta!


E também um momento de festa: Festa de pães & rosas – 100 anos de Lutas e Poesia, antologia que reúne poetas de Norte a Sul do país, para trazer aos leitores um pouco da beleza de suas poéticas. Encontramos, nas páginas deste volume, a poesia preciosa da baiana Iolanda Brito Costa, de voz neobarroca, que concilia as imagens e sonoridades raras à virulenta denúncia social; a lírica militante do paulista Adalberto Monteiro, que em expressivos versos livres e belas construções metafóricas sintetiza o significado de ser comunista; a escrita concisa e ágil de Ametista Nunes, também baiana, que nos apresenta à sua poesia de economia verbal e imagens de alto impacto; a voz pictórica de Elias Coimbra da Silva, que transmuta em palavras a dor e a coragem do trabalhador rural; e tantas outras vozes, tantos outros poetas e estilos que se apresentam a nós como uma imensa sinfonia, inspirada pela democracia e pelo socialismo. Aliás, a relação entre o Partido Comunista e os poetas, escritores e artistas brasileiros tem uma longa história, da qual fazem parte arquitetos como Oscar Niemeyer, romancistas como Jorge Amado e Graciliano Ramos, poetas como Pagu, Oswald de Andrade e Thiago de Melo, pintores como Cândido Portinari, para citarmos poucos nomes. Esta relação entre o Partido e as artes não é casual: desde as cartas de Marx a Engels sobre literatura e arte até o trabalho teórico de filósofos marxistas modernos, como Walter Benjamin, Adorno e Gyorgy Luckács, a cultura sempre foi algo de enorme importância para o movimento comunista. Porque nós queremos a justiça social, a igualdade, a fraternidade, a liberdade e também a beleza que possa ser compartilhada entre todos, como patrimônio comum da humanidade..


Viva o socialismo!


Viva a beleza!


Viva o centenário do PCdoB!

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1 commentaire


dyiana1807
dyiana1807
19 déc. 2022

Que tal pelo menos 1 poema para lermos?

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